Saiba como detectar a diferença entre a ansiedade normal e a ansiedade patológica, e veja como agem alguns dos transtornos de ansiedade mais comuns.

Sentir ansiedade diante de determinadas situações é uma reação comum, natural. Quem nunca ficou ansioso antes de um teste importante? E o que dizer dos dias que antecedem o nascimento de um filho? Entrevistas de emprego, reencontros, exames, casamentos… São muitas as ocasiões que podem desencadear uma grande ansiedade.

E não sem razão: apesar da pinta de vilã, a ansiedade ajuda a direcionar a nossa atenção ao desafio o evento que está por vir.

Por outro lado, quando é frequente, excessiva e de difícil controle, a ansiedade causa intenso sofrimento para o indivíduo, podendo se tratar de uma patologia.

 Algumas das formas mais comuns da ansiedade patológica são as seguintes:

• Transtorno de ansiedade generalizada
• Transtorno obsessivo-compulsivo*
• Transtorno do pânico 
• Agorafobia
• Transtorno de Ansiedade Social

A seguir, vamos conhecer um pouco melhor sobre cada um desses transtornos.

• Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) 
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mental 5.ª edição (DSM-5), o TAG pode ser descrito como a presença de ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com relação a diversos eventos e atividades, sendo muito difícil ou impossível para o indivíduo controlar a preocupação.

Na prática, o TAG é caracterizado por grande tensão muscular e um comportamento vigilante exagerado, como se fosse necessário estar sempre preparado para um perigo futuro, sem nunca relaxar.

A pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, nervosa ou irritada, com a sensação de estar sempre “com os nervos à flor da pele”, o que acaba levando a quadros de insônia, fadiga e dificuldades de se concentrar ou realizar atividades simples. Há também alguns temas comuns de preocupação, como saúde/doenças, questões econômicas, vida profissional, relações interpessoais, casa e problemas menores.

Não é raro confundir tais sintomas com “preocupações comuns do dia a dia”, o que muitas vezes leva os pacientes com TAG a esperar muitos anos antes de procurar a ajuda de um profissional de saúde mental. Para se ter uma ideia, mesmo depois que chegam ao consultório, 80% deles não se recordam dos primeiros sintomas e relatam ter estado preocupados e ansiosos “durante toda a vida”.

A pessoa ansiosa vive angustiada, tensa, preocupada, nervosa ou irritada, com a sensação de estar sempre “com os nervos à flor da pele”, o que acaba levando a quadros de insônia, fadiga e dificuldades de se concentrar ou realizar atividades simples.

Alguns pacientes com TAG percebem a preocupação como um modo de prevenir consequências negativas, mesmo que isso implique na criação de uma corrente incontrolável de pensamentos estressores. Vista desse ponto de vista, a preocupação seria uma tentativa de solucionar um problema, porém, na prática, essa estratégia traz resultados incertos e, em geral, consequências ainda mais negativas.

Assim, o maior desafio dos pacientes com TAG é encontrar uma forma de não se preocupar tanto com seus problemas – e é exatamente nesse ponto que entra a psicoterapia, auxiliando a lidar com esses pensamentos e diminuindo ou eliminando os comprometimentos resultantes de tais preocupações.

• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) 
*O transtorno obsessivo-compulsivo por mais que seja caracterizado como outro tipo de transtorno psicológico, possui um forte fator de ansiedade em sua base. Neste transtorno, a mente é tomada por obsessões (pensamentos intrusivos de conteúdo negativo que “não saem da cabeça”)  e/ou compulsões (comportamentos ou atos mentais ritualísticos e repetitivos que são desencadeados como uma resposta a obsessão).

Um exemplo é o do indivíduo que, tendo o pensamento obsessivo de que pode se contaminar por germes e bactérias a qualquer momento, se vê impelido à compulsão de lavar as mãos exageradamente. O TOC está longe de ser mero perfeccionismo ou excesso de manias. Saiba mais sobre este transtorno neste post.

• Transtorno do pânico 
Classificado como uma síndrome ansiosa, o Transtorno do Pânico se caracteriza por crises agudas com sintomas de ansiedade generalizada, como taquicardia, sudorese, tremores, sensação de não conseguir respirar, medo de morrer etc.

Uma vez que esses ataques passam a ser recorrentes, o indivíduo tende a desenvolver um medo intenso de ter novas crises, ficando apreensivo a todo momento e se preocupando excessivamente sobre as implicações de um possível ataque, como o medo de perder o controle ou de ter um mal súbito durante o episódio. Neste post você pode conferir mais detalhes sobre esta síndrome.

• Agorafobia 
É muito comum que o Transtorno do Pânico venha acompanhado de outro distúrbio ansioso, a agorafobia. Trata-se de um tipo de fobia generalizada na qual a pessoa sente medo extremo e injustificado de estar em lugares públicos.

Nesses casos, o indivíduo pode ter receio ou evitar até mesmo as situações sociais mais corriqueiras, como ir ao cinema, com base na ideia de que em tais circunstâncias fica mais difícil escapar ou pedir ajuda em caso de ataque de pânico.

Vale ressaltar que a agorafobia nem sempre está relacionada ao Pânico, podendo existir sem a presença deste Transtorno. 

• Transtorno de Ansiedade Social
Também conhecido como fobia social, esse distúrbio ansioso é marcado pelo medo excessivo de falar em público e/ou se expor a situações sociais. Uma das características que o diferencia do agorafobia é o medo de avaliação, do julgamento negativo das pessoas.

Timidez exacerbada, desconfortos e inibições variadas podem fazer parte do TAS, uma condição muitas vezes capaz de bloquear o desenvolvimento profissional e também a capacidade de se relacionar afetivamente de uma pessoa.

Em alguns casos, bastam interações sociais corriqueiras, a exemplo de manter conversas simples com não familiares ou ser observado comendo ou bebendo, para que sintomas como o medo, a ansiedade e a esquiva (tentativa de “fugir” da situação a qualquer preço) se manifestem.

Se você se identificou com algum desses quadros, lembre-se de que você não precisa continuar a conviver com ele e procure ajude imediata de um profissional de saúde mental.