Caracterizada pela alternância radical de humores, a bipolaridade deve ser acompanhada e tratada com extrema atenção. Conheça os principais tipos, riscos, causas e tratamentos dessa condição psiquiátrica marcada pela instabilidade.

O transtorno bipolar, também conhecido como bipolaridade ou transtorno maníaco-depressivo, é uma doença psiquiátrica caracterizada por mudanças bruscas no humor, variando entre o estado maníaco e o estado depressivo.

Na fase maníaca, o indivíduo bipolar apresenta grande euforia, está com os ânimos lá em cima e sente pouca necessidade de dormir ou descansar, parecendo ter uma energia inesgotável. Mas nem tudo são flores: é também nessa fase em que ele está mais sujeito a cometer imprudências (como, por exemplo, ter surtos desenfreados de compras ou fazer investimentos financeiros insensatos), se colocar em situações de risco, incluindo o consumo excessivo de substâncias psicoativas, e ter acessos de raiva e explosões de violência.

Uma variação dessa fase com intensidade mais leve é chamada hipomaníaca. Trata-se de um período maníaco menos severo, podendo incluir fala e pensamentos mais acelerados do que o habitual, súbito aumento de autoestima, ideias de grandiosidade, delírios de poder, disposição incomum para iniciar atividades diversas e, também, maiores chances de cometer imprudências com algum potencial para consequências dolorosas.

Na fase depressiva, por sua vez, o indivíduo é acometido por intensa tristeza, dificuldade de concentração, desânimo, sentimentos de inutilidade, além de
ideação suicida ou pensamentos e atos relativos à automutilação. O humor se mostra sem esperança, triste e vazio na maior parte do dia, além de impor-se uma acentuada diminuição de prazer e interesse pela vida em geral.

A psicoterapia é um recurso que contribui com o sucesso do tratamento como um todo. Trata-se de um amparo essencial nos períodos mais críticos e, nos demais, auxilia a prevenir novas crises.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição (DSM-5), a bipolaridade é classificada entre os seguintes tipos:

Transtorno Bipolar Tipo I

Quando ocorrem fases depressivas e fases maníacas intensas.

Transtorno Bipolar Tipo II

Quando ocorrem fases depressivas e fases hipomaníacas (e não ocorre nenhuma fase maníaca intensa).

Transtorno ciclotímico
Quando há uma montanha russa emocional de curvas mais suaves, alternando fases depressivas leves e fases hipomaníacas.

Outros

Há variações do transtorno bipolar que podem ser induzidas pelo uso de alguma substância/medicamento ou devido a outra condição médica.

Vale lembrar que o diagnóstico correto somente pode ser feito por um profissional especializado, razão pela qual buscar um psiquiatra ou psicólogo é fundamental para que seja feita uma análise correta e, consequentemente, o indivíduo possa receber o tratamento mais adequado para a sua condição.

Os riscos de suicídio no transtorno bipolar

Ainda de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com transtorno bipolar é estimado em pelo menos 15 vezes maior do que o da população em geral, sendo que o transtorno bipolar pode responder por um quarto de todos os suicídios. Nesse quesito, há pouca distinção entre o tipo I e o tipo II, sendo os dois igualmente graves e merecedores de tratamento psiquiátrico e psicológico. Ainda que nos demais tipos o risco de suicídio seja menor, há necessidade de cuidados permanece.

Mas… quais são as causas do transtorno bipolar?

A medicina ainda não foi capaz de determinar uma causa efetiva para a bipolaridade, no entanto, é sabido que fatores genéticos estão envolvidos, uma vez que o histórico familiar é um dos fatores de risco mais fortes para a reincidência dessa condição. Também já foi comprovado que esse transtorno está relacionado com alterações em algumas áreas do cérebro e nos níveis de certos neurotransmissores cerebrais.

O tratamento do transtorno bipolar

Como já observamos, a bipolaridade se dá por crises de mania, hipomania ou depressão, que eclodem de tempos em tempos. Sendo assim, o tratamento varia conforme a necessidade: durante a fase aguda, é preciso agir com a terapêutica apropriada, seja ela antimaníaca ou antidepressiva; já nos demais momentos, atua-se com um tratamento focado na prevenção das crises.

O tratamento do transtorno bipolar inclui o uso de medicamentos, a realização de psicoterapia e a adoção de hábitos saudáveis, como se alimentar e dormir bem, praticar atividades físicas e reduzir ao máximo o consumo de substâncias psicoativas, a exemplo de cafeína, anfetaminas, álcool e outras drogas.

A psicoterapia é um recurso que contribui com o sucesso do tratamento como um todo. Trata-se de um amparo essencial nos períodos mais críticos e, nos demais, auxilia a prevenir novas crises. O apoio psicológico também é de grande valia para promover a adesão ao tratamento medicamentoso e a um estilo de vida saudável.

Hoje em dia, a medicina não considera que o transtorno bipolar possa ser “curado”, porém, com o tratamento adequado, é possível estabilizar a doença e oferecer ao seu portador mais qualidade de vida e menos sofrimentos e prejuízos.